Por que não eu? – por uma rotina em que estou em primeiro lugar

CERTEZA que você já cantou esse verso título do post, daquela música do Leoni, alguma vez na vida pra alguém por ter se sentido rejeitado, ou sequer notado, né, não? Bom, eu, claro, já cantei muito  e em modo repeat, mas não é sobre trilha para fossa que queria falar hoje. O que queria contar é que eu fiz, pela primeira vez, essa pergunta recentemente a uma pessoa: para mim mesma.

por que nao se colocar em primeiro lugar na rotina

Por que não eu? Foi o que eu me perguntei na última vez em que sentei para fazer meu planejamento semestral. Tenho o costume de organizar metas (de curto, médio e longo prazo) e uma rotina semanal mais ou menos uma vez por semestre. Parte disso faço sozinha, e parte faço junto com o Rômulo (meu marido). A gente se enxerga muito como um time aqui em casa, por isso fazemos juntos, para que possamos construir as rotinas e metas de acordo com as necessidades de cada um naquele momento, e para harmonizar os anseios e planos.

Para quem não sabe, eu trabalho em esquema de homeoffice. O blog não é minha principal fonte de renda. Tenho uma empresa de comunicação e presto serviço a agências e empresas. Dois dias por semana eu trabalho em regime de plantão, com o horário engessado, mas nos outros 5 dias eu tenho total flexibilidade. E isso é muita liberdade, claro, mas também pode ser paralisante e nada produtivo. A cada planejamento que fazemos eu tento montar uma rotina que faça meu dia render mais para cumprir minhas tarefas, dar atenção à família e sobrar um tempinho pra minhas paixões.

Então, lá estava a planilha em branco com os dias da semana, os turnos e tarefas/trabalho/família/EU para alocar. Comecei a distribuir tudo até que, finalmente, pensei: ei, por que não EU primeiro? Por que não EU como prioridade, mesmo quando não der pra tudo? Por que não? E foi assim que surgiu minha “nova” rotina (isso foi há pouco mais de 3 meses), em que o primeiro turno do dia é dedicado a mim, às minhas coisas e às minhas paixões. Todos os dias. E tudo, tudo, tudo, vem depois.

Decidi reservar todas as manhãs para mim. Para eu fazer o que eu quiser, e principalmente, para tudo aquilo que sempre ficava só no desejo. Yoga todo dia era um sonho? Então faço pela manhã. Voltar ao ballet? Tenho todas as manhãs pra isso. Quero ler mais? Pego o livro assim que acordo. Minha maior fonte de sorrisos e alegria são meus cachorros? Fico mais com eles, vamos à feira, à floricultura. Sentamos na praça enquanto eu leio. Sempre quis almoçar todos os dias uma comida caseira com a família? Ok, eu cozinho, enfeito a casa e almoçamos num ambiente alegre. Estou cansada? Durmo até mais tarde, simples assim.

#Yogaeverydamnday

Uma foto publicada por Família Mota Elizardo (@osmotaelizardo) em

No início, fiquei com medo de não conseguir render tanto no trabalho, de acabar acumulando tudo e confesso que me sentia um pouco culpada por estar pela manhã fazendo um spa caseiro antes de ter feito o trabalho do dia. Ficava pensando se depois do almoço eu engrenaria mesmo, se não daria preguiça de pegar no batente. Mas que nada. Descobri que como já me papariquei pela manhã, tendo a dar menos “escapulidas” durante a tarde. Não fico tão tentando a ler só mais uma página do livro, não preciso encaixar uns minutinhos pra me cuidar, nem mesmo fujo para ir cozinhar algo gostoso. Simplesmente porque, normalmente, já fiz tudo isso naquele dia.

Outro medo que eu tinha era sobre o horário pra acordar. Já tinha testado rotinas em que tinha que acordar muito cedo e não funcionou, mas também temia acordar tarde demais e não conseguir fazer nada pra mim, o que tornaria inútil a nova rotina. Então a solução foi ter uma idéia do que quero fazer na manhã seguinte, mas não estipular um horário fixo para acordar, assim como não estipulo obrigações. O único horário estipulado é para começar a trabalhar e os de cuidados dos meninos. Com o tempo me habituei a acordar em um horário em que consigo descansar bem. A verdade é que é muito mais fácil sentir vontade de sair já da cama quando a programação a seguir é atrativa.

Tem sido assim há mais de 3 meses e sem dúvida alguma tem sido a melhor rotina que já implementei. Me sinto mais bem disposta porque pela primeira vez na vida, por mais de 90 dias, eu tenho feito exercícios físicos 6 ou 7 vezes na semana. Me sinto bem por me dedicar mais aos meus cachorros, por oferecer uma comida fresca e feita com amor à minha família, cuidar do nosso lar que representa nossa história e conquistas, já que tudo isso eram aspirações que mantinha. Também me sinto mais criativa no trabalho. É claro que algumas coisas tiveram que ficar por fazer. Acabo não tendo muito como encaixar compromissos de última hora à tarde, porque, impreterivelmente, preciso trabalhar. Então qualquer coisa nesse horário requer mexer na rotina toda, o que eu evito ao máximo.

A verdade é que nós sabemos que o dia tem 24 horas e é impossível fazer tudo, tudo, tudo o que queremos, de devemos, por completo. Sempre ficará alguma coisa mais ou menos, por último. Só que eu escolhi que isso não seria EU por agora. Eu resolvi me priorizar dessa vez. Por quanto tempo, eu não sei. Pode ser que em outro momento tudo mude. Mas por agora, estou feliz de ter me perguntado, afinal, por que não eu?

PS: Eu sei que a maioria das pessoas trabalha com horários rígidos 5 dias por semana e não seria possível fazer esse tipo de organização. Mas, mesmo assim, eu tenho certeza que dá pra você se priorizar mais. Por exemplo, por que deixar pra (insira aqui o seu hobby/lazer) para a noite, quando você sabe que corre o risco de estar sem energia e acabar cancelando? Se você acaba nunca fazendo por esse motivo, é melhor parar de mentir para si mesmo e se esforçar para ir logo antes do trabalho ou então procurar uma alternativa para a horário do almoço, por exemplo. Por que dizer sim para todos os convites dos outros e deixar o que você queria de fato fazer, pra lá? Diga. Por que não você?

2 Comments on Por que não eu? – por uma rotina em que estou em primeiro lugar

  1. marina alecrim
    14 de janeiro de 2016 at 12:53 (8 anos ago)

    Fantástico esse post, Jackie! Eu sou uma pessoa com milhões de paixões e tento sempre encaixar o que gosto de fazer na minha rotina. Trabalho, atualmente, quatro dias da semana e faço doutorado, o que por si só já toma muito do meu tempo. Eu não consigo admitir que a minha vida seja só isso e faço de tudo p fazer o q eu amo com alguma frequência. Inclusive, quebrar a rotina. Nada como visitar um centro cultural e descobrir exposições fantásticas dps do trabalho ou reservar a hora do almoço do trabalho para conhecer restaurantes legais da região. Eu sou bem flexível com minhas obrigações e com horários e isso, às vezes, me torna bem indisciplinada. Nem sempre consigo levantar da cama nos meus dias “livres” p fazer o meu dia render e fica difícil conciliar tudo rs. Como vc disse: o dia só tem 24hrs e temos q aceitar q não dará p fazer tudo. Enfim, parabéns pelo post, por incentivar as pessoas a ter um tempo p elas e exercer o amor próprio, fundamental para nos descobrirmos e sermos pessoas melhores tb.

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    • Jackie Mota
      4 de fevereiro de 2016 at 16:44 (8 anos ago)

      OI Marina, eu que agradeço seu comentário. Te entendo perfeitamente sobre ter milhões de paixões rs mas o caminho é mesmo por aí, aceitar que não dá pra ter tudo e ser feliz assim mesmo =)
      beijos,

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